Foi com economia nas palavras, mas com muita objetividade e simplicidade, que Rafael Hettsheimeir se apresentou à comunidade bauruense. Na coletiva de imprensa como novo jogador do Paschoalotto Bauru, o pivô falou da felicidade de voltar ao Brasil, da vontade de vencer ao lado dos novos companheiros — incluindo alguns com os quais já conviveu nas quadras — e do foco no Mundial da Espanha, na busca por uma vaga no elenco de Rubén Magnano. Ele se apresenta nesta quarta para os treinamentos visando o Sul-Americano, onde já está o agora colega Ricardo Fischer.
Um parêntese: durante o período de expectativa, mantive diálogo com o jornalista Emilio Fernández, do jornal La Opinión de Málaga. Para mim, além de saber detalhes do fim do vínculo do jogador, um intercâmbio cultural — falamos inclusive ao telefone e gastei meu espanhol. Para ele, poder revelar em primeira mão aos torcedores do Unicaja qual era o provável destino do até então pivô cajista, o que acabou divulgando Bauru por lá. No fim das contas, ainda assinei um texto, que pode ser lido clicando aqui.
A seguir, o recado passado pelo nova camisa 30 do Dragão.
Retorno ao Brasil
“Estava com vontade de voltar ao Brasil. Quando recebi a proposta de Bauru, não pensei duas vezes. Quero estar perto da família, depois de muito tempo fora. Minha mãe nasceu em Bauru e aqui tem muita coisa em comum com Araçatuba.”
Timaço
“O elenco está muito forte. A gente sabe que não é fácil, a caminhada é longa, mas não temos que pensar em outra coisa: lutar por todos os títulos possíveis. Vim para ganhar títulos, esse é meu objetivo. O ginásio em Bauru é quente, a torcida vai em peso, um sexto jogador mesmo. O que me marcou bastante foi ver uma foto do Larry no fundo, o jogador se sente acolhido pela torcida. Vi o time jogar nos playoffs contra Cearense e Flamengo. O time vem crescendo.”
Físico zerado
“Há dois anos tive a contusão no joelho que me tirou da Olimpíada e recentemente, em Málaga, uma lesão por sobrecarga de treino. Agora estou curado, bem fisicamente e pronto para outra.”
Seleção
“Tenho esperança de ir ao Mundial. Não sou jogador fixo na Seleção, tenho que lutar por espaço de igual para igual. Vou treinar, dar meu máximo, pois nunca disputei um Mundial e quero estar lá. Já conheço o Rubén há alguns anos. Na visita na Espanha, ele mostrou o planejamento de treinos, os amistosos. Quis saber da minha expectativa, se iria. Sempre vou. A Seleção é minha segunda pele.”
Colegas
“Joguei com o Murilo e o Alex em Ribeirão Preto. Na época eu era juvenil deles… Eles me ajudaram bastante. Fomos campeões paulistas. É importante conhecê-los, conhecer o Larry. Tenho certeza que vão me ajudar agora.”
Última temporada
“Tive um ano bom em Málaga, mas com uma contusão no meio da temporada, num momento importante. Fiquei três meses fora, justamente na hora de classificar o time para a Euroliga. Quando voltei, fiz apenas dois jogos antes de começarem os playoffs e isso atrapalhou minha performance. Mas aprendi bastante. Tive a sorte de ter aprendido muito com o técnico Joan Plaza: defesa, ataque, sistema de jogo… Espero que as armas que aprendi em Málaga me sirvam aqui no Brasil.”
DEPOIMENTOS SOBRE O REFORÇO
“Em nome dos jogadores, quero desejar boas-vindas ao Rafael. A gente vai ser solícito para ele se sentir bem à vontade na nossa casa. Estou feliz com a vinda dele, que é uma referência. Um cara de seleção que vem de um basquete de alto nível. Espero que ele seja a referência que esperamos dele”, disse o ala Gui Deodato.
“Hoje é muito difícil repatriar um jogador do nível do Rafael. Rodrigo, Eric e outros parceiros se esforçaram muito para trazer esse que nem posso dizer que é a cereja do bolo, de tantos jogadores de alto nível que contratamos. É um time muito competitivo. Esse é o melhor time que já vi em Bauru”, cravou o presidente da Associação, Sandro Fabiano.
“A contratação do Rafael começou no planejamento da equipe. Não surgem ideias de paraquedas. O Guerrinha lembrou do nome dele e vimos que tínhamos a necessidade de um jogador com esse potencial, com essas características. Entramos em contato com o agente e iniciamos a negociação. Primeiro, buscamos a característica pessoal do jogador”, contou o diretor técnico Vitinho Jacob.
“O objetivo é de buscar títulos. O contrato de quatro anos, a exemplo do Alex, garante que o time vai ser bastante forte durante algumas temporadas”, comentou o vice-presidente da Paschoalotto, Eric Garmes.
“Todos conhecem a qualidade do Rafael e com certeza vem fazer um estrago na posição dele no Brasil. O Rafael vem fazer parte de um time que vem procurando melhorar a cada ano. E um time principalmente preocupado com a pessoa. Eu conheço o Rafael desde moleque, quando ele começou numa escolinha em Araçatuba, vinculada ao projeto do COC/Ribeirão, que eu iniciei. Sei da formação dele, com quem já trabalhou. Desejo boa sorte e muito trabalho. Estou muito feliz com sua chegada”, detalhou o técnico Guerrinha.
Para quem ainda não leu, números da carreira do jogador neste texto. O evento rendeu ainda bons papos com Guerrinha (sobre a preparação do time) e Gui Deodato (agora sargento do Exército). Nos próximos dias, publico.