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Hora da decisão

Seria o momento de usar a frase básica “os dois melhores times se enfrentam” não fosse o Cruzeiro estar jogando o fino hoje. A matemática, porém, não mente. Fluminense e Corinthians são as equipes mais eficientes até o momento. Esse choque entre líder e vice, entretanto, merece todos os holofotes. E por vários motivos:

• Reúne craques do primeiro escalão do futebol mundial: Roberto Carlos e Deco, campeões da Champions League por mais de uma vez, jogadores de Copas do Mundo. Ronaldo engrossaria a lista, não estivesse sofrendo com sua panturrilha.

• É mais uma oportunidade de ver o Flu defendendo a liderança, como um campeão de boxe cujo cinturão é almejado por todos. Muricy inchou o meio-campo, escalou três zagueiros e vai apostar no toque de bola habilidoso de Conca e Deco para acionar os laterais, grande arma tricolor para encontrar Washington na área.

• O Timão sofre com desfalques (Chicão e Ronaldo) e uma dúvida (o tornozelo de Ralf). Souza no lugar de Iarley foi uma opção testada no treino da véspera para preocupar os defensores tricolores e abrir espaço para Jorge Henrique e Bruno César chegarem mais soltos à area.

• Se o Corinthians vencer, empata com o Flu, mas se torna virtual líder, por ter um jogo a menos – para ser líder de fato, tem que ganhar por por três gols (ou mais) de diferença.

• Sem querer secar o árbitro de três Copas do Mundo, Simon já fez lambança antes em jogos capitais. Mais um ingrediente para apimentar essa decisão.

Pena que o gramado do Engenhão esteja péssimo. A partida merecia um tapete de luxo… Abaixo, as prováveis escalações. O Canhota 10 irá comentar a partida em tempo real no twitter e, após seu término, postar uma análise desse jogão.

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Neymar em campo: perseguição ou chororô?

Desde que recusou proposta milionária do Chelsea-ING e resolveu permanecer no Santos – por enquanto – Neymar ganhou novo status. É a grande joia do futebol brasileiro, o jogador mais visado dentro do Brasileirão – excetuando Ronaldo, claro. Se já tinha o carimbo de craque, a recusa o transformou em ídolo dos santistas e, ao mesmo tempo, deixou aliviados todos que gostam de ver bom futebol por aqui.

Curiosamente – ou não -, não tem sido decisivo nos últimos jogos do Peixe. Tem lampejos, com lances de efeito, mas ficam sempre marcados os pênaltis perdidos e as reclamações. O jovem atacante anda revoltado com a perseguição dos defensores, sobretudo porque detectou um rodízio na partida contra o Ceará. quando um levava cartão amarelo, outro se incumbia de fazer as faltas no camisa 11 santista. Para piorar a situação, caiu na provocação do volante João Marcos – muitos podem ver nessa atitude que o menino não baixa a guarda, não tem medo de cara feia.

Sobre o rodízio, a reclamação virou chororô depois que seu próprio treinador, Dorival Junior, admitiu que faria o mesmo contra um atacante do nível de Neymar. “Eu diminuiria o espaço dele, não o deixaria pensar. No momento em que o marcador levasse um cartão, por um motivo ou outro, trocaria. Não é que os adversários estão fazendo isso de propósito, para bater. A marcação é necessária”, afirmou ao GloboEsporte.com.

Enfim, não tem outro jeito, o moleque foi obrigado a amadurecer. Se ficou no Brasil por causa do apego à família, por alguma menina ou simplesmente pela promessa de bônus em sandubas do McDonald’s, como conta a revista Placar deste mês de setembro, isso são coisas do garoto fora de campo. Dentro dele, a zagueirada não vai dar mole. “É natural que o Neymar seja visado. E ele assume tudo isso. Tem personalidade e não foge do jogo”, cravou Dorival.

De certa forma, o episódio em Fortaleza serviu para dar um basta na fase deslumbrada do craque, quando andou meio marrento. Se foi preparado desde pequenino para ser ídolo no futebol, que assuma a fama precoce.

CURTAS
• Impressionante como o Barcelona coloca adversários na roda, como nesta terça (14/9). Pobre Panathinaikos-GRE…
• Não vi o desabafo do técnico Andrade no Esporte Espetacular, da TV Globo, mas acompanhei sua entrevista hoje no Arena, do Sportv. Muito tímido, retraído, é uma pena que não emplaque um novo trabalho, afinal, é o atual campeão brasileiro.

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Brasileirão: análise da 17ª rodada

A tarde foi de festa total no Pacaembu. O Corinthians fez seu jogo de festa do Centenário – não atuará no dia 1/9 -, com uniforme comemorativo, a volta de Ronaldo depois de quase quatro meses e com o anúncio do novo estádio, o Fielzão, em Itaquera, sede paulsitana na Copa de 2014. Invicto jogando em casa, e com tantos motivos para comemorar, o Timão passou bem pelo Vitória. E mandou bem na hora de secar.

Pois o Flu, líder, deixou o Alvinegro encostar de novo. Encontrou um São Paulo guerreiro no Marcanã, disposto a fugir do Z4. Com Rogério Ceni num daqueles dias inspirados, fazendo gol (seu primeiro e provavelmente único no Maracanã, que fechará para reforma) e pegando pênalti. O empate em casa, entretanto, não faz do Tricolor carioca um time menos forte, menos favorito, menos obstinado em buscar o gol – como fez nos minutos finais.

Impressionante o vacilo do Flamengo no Brinco de Ouro (virada bugrina nos acréscimos). Silas, o novo técnico, viu quanto trabalho terá. Segundo Zico, ele foi escolhido por seu estilo ofensivo combinar com o desejo da torcida rubro-negra. Mas para esse momento seria melhor um treinador mais experiente e até mesmo disciplinador, para orientar um elenco ainda sem identidade e abalado pelos escândalos policiais.

Enquanto o Santos, sem Ganso, tenta mostrar ainda ter forças para lutar pela tríplice coroa, o Internacional é uma certeza: irá perseguir os líderes, torcendo por tropeços. Só espero que não desacelere o bom futebol quando chegar às vésperas da disputa do Mundial – exatamente nas últimas rodadas do Brasileirão.

O Ceará já não é o mesmo do período pré-Copa, o Cruzeiro segue buscando mais uma disputa de Libertadores – rotina azul – e seu arquirrival…

O Galo tem um elenco recheado de estrelas, o treinador que mais ganhou Brasileiros, mas é o time que mais perdeu no campeonato, 11 vezes… Como explicar? Segredos escondidos vestiário adentro: inimizades, grana (salários, bicho)? Ou apenas um grupo de não deu liga? Só sei que tem muito estouradinho vestindo a mesma camisa e o Atlético-MG pode estar se tornando uma bomba-relógio. Fábio Costa, Ricardinho, Diego Souza, Tardelli, Obina, Luxemburgo… Haja, coração, torcedor alvinegro!

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Balanço da 14a. rodada do Brasileirão

Que não se atribua a vitória do líder Fluminense apenas ao fato de o Internacional atuar com os reservas – porque os suplentes do Colorado são muito bons. Estivesse o time principal do virtual campeão da América atuando no Marcanã, provavelmente também perderia para os comandados de Muricy. Conca segue jogando o fino, Mariano é a grande surpresa da lateral-direita, o Sheik Emerson está com faro de gol, a exemplo do colega Washington.

Já na Ressacada, não foi o Corinthians quem perdeu. Foi o Avaí quem ganhou. O Alviceleste é quase imbatível em Santa Catarina, não tem medo de camisa grande – tanto que bateu o Santos no Pacaembu – e tem bola para ficar entre os dez primeiros, de novo. Vaga na Libertadores é boa possibilidade, mas essa briga será forte, pois São Paulo, Palmeiras, Cruzeiro, Internacional e Flamengo ainda irão participar dela. Galo e Grêmio? Deveriam, pela força de seus elencos, mas primeiro têm o dever se de desgarrarem do Z4. Nesta 14a. rodada, deram início à reação.

O Vasco precisará se entrosar, tamanhas as modificações no elenco. Se não mostra força para lutar lá em cima, não aparenta fragilidade a ponto de lutar contra o rebaixamento. A vitória fora de casa sobre o ex-Grêmio Barueri foi ótima, mas jogar como visitante em Prudente, Goiânia e Campinas não tem sido tarefa tão difícil, convenhamos.

Tarefa difícil, sim, é encarar o Vitória no Barradão. Não foi vingança sobre o Santos – pois a taça da Copa do Brasil continua na Vila Belmiro -, mas sinal de que o Rubro-Negro vai incomodar bastante, inclusive na Sul-Americana.

Alguns já chamam o Botafogo de cavalo paraguaio, mas é bom ficar muito ligado no atacante Jobson. No volante Marcelo Mattos. Em Loco Abreu, quando retornar. Na raça de Herrera. No agora goleiro de Seleção, Jefferson. Enfim, o time alvinegro está longe de ser um bando de perebas.

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Flu: pintou o favorito do Brasileirão

Um patrocinador forte, um treinador badalado e um elenco encorpado. O Fluminense já usou esta fórmula várias vezes desde que é apoiado pela Unimed. Mas, raríssimas vezes, esses três elementos deram liga como agora. A grana foi bem gasta, os reforços que já entraram em campo têm correspondido e Muricy, ao contrário do que aconteceu em sua curta passagem pelo Palmeiras, sente-se bem nas Laranjeiras.

A chegada do meia Deco é a cereja do bolo. Ele não se encaixa no perfil de atleta em decadência que retorna ao país. Acaba de disputar sua segunda Copa do Mundo, por Portugal, e não era exatamente um jogador descartado no Chelsea. Tem nível de jogador “interncional”, como dizem na Europa – por isso seu astronômico salário de R$ 750 mil que receberá no Flu.

A folha mensal do Tricolor, aliás, é o perigo da temporada: transforma o grande favoritismo em obrigação, para justificar o investimo – além de Deco, Muricy (cerca de R$ 500 mil) e Fred (R$ 400 mil) também faturam acima dos padrões do futebol brasileiro. Por outro lado, a Unimed já ameaçou fechar os cofres em fracassos anteriores e acaba volando atrás… Voltemos ao campo, pois.

O goleiro (bauruense) recuperou a posição de titular e voltou a atuar bem, como na reta final da Libertadores 2008. Tem Rafael como boa sombra.

O laterais Mariano e Carlinhos têm sido as boas surpresas, aproveitando a liberdade que o esquema com três zagueiros oferece. Esse trio defensivo, aliás, não é brilhante, não tem banco à altura, mas se entrosou bem. E todos eles (André Luis, Gum e Leandro Euzébio) são muito bons no jogo aéreo.

O meio-campo, de tão entrosado – e com vaga reservada para Deco -, deverá colocar Belletti no banco. Foi ótimo segundo volante nos tempos de Cruzeiro, Atlético-MG e São Paulo, mas perderá lugar porque o triângulo que Muricy deverá formar terá um cabeça de área (Diogo, Diguinho ou Valencia) e dois meias (Deco e Conca). A não ser que o treinador sacrifique o atacante Emerson, deixando um camisa 9 isolado na frente.

Camisa 9? Ela é de Fred. Washington é outra estrela na reserva. Como agora, jogará nas ausências do capitão tricolor, perseguido por contusões, e será ótima arma para o segundo tempo.

Conca merece menção especial. É o sonho de consumo de Muricy desde os tempos de São Paulo. Ótimo meia que foi, o técnico deve estar projetando toda sua experiência e visão de jogo no argentino, que sempre jogou o fino por aqui, desde os tempos de Vasco.

Na disputa com o Corinthians, vice-líder e também com elenco cheio de alternativas, o Flu leva vantagem por ter menos cobrança da galera, ser menos badalado na imprensa e até mesmo por ter pequeno índice de rejeição das demais torcidas – eu mesmo, rubro-negro, simpatizo com as cores e a tradição tricolores. Aliás, respeito profundamente todos os clubes brasileiros, suas riquíssimas e gloriosas histórias, seus hinos belíssimos. (Perdoe-me o parêntese, é que faço sempre o coro com quem pensa que rival se admira, se respeita, não se odeia. O que seria do Corinthians sem o Palmeiras, por exemplo?)

Enfim, olho no Flu. Que tem uma diferença fundamental em relação ao Palmeiras de 2009, que perdeu fôlego no fim do Brasileirão: tem dois ótimos meias de criação. Se um deles se contundir, o outro segura a bronca. Quando Cleiton Xavier se machucou, Diego Souza não tinha as mesmas características.

Imagem da home: arte sobre fotos de Wallace Teixeira/Photocamera