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Marco Antônio Machado fala de sua breve passagem pelo Noroeste

Ele está na história do Noroeste, como grande quarto-zagueiro alvirrubro nos anos 1970 — e outras tantas vezes como treinador. É respeitado por colegas de imprensa (hoje é comentarista da rádio Auri-Verde), reverenciado por torcedores. Com essa trajetória por zelar, Marco Antônio Machado se arriscou. Aceitou o convite de atuar na comissão técnica noroestina nos dois últimos jogos da Série A-2. Se o Norusca se salvasse, incluiria mais um capítulo vitorioso em seu currículo. O rebaixamento para a terceira divisão, entretanto, não o manchou, principalmente por não ter fugido dessa luta inglória. A seguir, um rápido e exclusivo papo com o professor e ainda colega de crônica (pois retornou ao Timão da Jovem).

Tive a impressão de que você aceitou o convite do Noroeste como uma convocação. Foi por aí?
“Sem dúvida. Foi uma conclamação. O presidente pediu, o próprio Sato, eu não poderia me furtar a esse convite. Sabia das dificuldades, não deu certo, mas a tentativa foi feita.”

Você conhecia o time, pelo seu trabalho como comentarista. Mas como foi estar lá dentro, vivenciar o clima do elenco?
“Eu conhecia, comentei todos os jogos. Mas conhecer de fora é uma coisa, estar lá dentro é outra. Aí, tomei conhecimento do porquê dessa grande decaída do Noroeste. O desencontro entre os dirigentes interferiu demais e na última semana isso aumentou. E a equipe não conseguiu, em campo, interromper aquela caída da décima rodada para frente.”

Aquela correria contra o Criciúma deixou uma interrogação… Estava faltando motivação na Série A-2? Atraso de salário pesa muito mesmo?
“Também. Mas precisa ver como administrar isso. Talvez não tenha sido feito da melhor forma pela diretoria. Sobre olheiros contra o Criciúma, vários jogos da A-2 estavam sendo mostrados pela televisão, em rede nacional. Quem está ligado no futebol, sabe disso. Não vejo essa exposição da Copa do Brasil como motivo para o time jogar mais. O motivo foi outro. O Nororeste não conseguiu isolar os problemas para o time entrar em campo mais tranquilo.”

Você teve a sensação de que não tinha muito a fazer?
“Tinha a esperança de vencer e trabalhei para isso. Lá dentro, a gente tinha que blindar a equipe de todos os problemas em volta, mas o jogador não reagia, o time estava fragilizado.”

Por que você não assumiu à beira do gramado? Foi uma opção sua ou o convite foi mesmo para ser diretor técnico? Pois sua experiência poderia ser melhor aproveitada na linha de frente…
“A princípio, poderia ter sido isso. Mas, no dia seguinte da derrota para o São José, o presidente se adiantou e anunciou o Sato como treinador. E eu vim a convite do Sato. Ele disse ‘Marco, venha me dar uma mão. E fique à vontade, se quiser ir para a beira do campo, eu fico auxiliando’. Conversamos, achamos melhor assim, pois o Sato estava mais familiarizado. Não havia muito tempo para experimentar. Aí, o time não foi bem contra o Santo André e não ficaria bom mudar de novo, decidimos continuar. Tentamos dessa forma, a margem de erro era mínima e arriscamos. Infelizmente não deu certo.”

De qualquer forma, você não se arrepende?
“De forma alguma. Sabia das dificuldades, ainda estou entristecido, mas foi melhor assim do que não ter aceito.”

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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