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Guerreiro a guerreiro, análise detalhada do Bauru campeão paulista de 2013

Canhota 10 faz minuciosa análise dos números e detalha, jogador a jogador, a conquista do Paschoalotto Bauru

Taça conquistada, hora de dissecar a conquista bauruense em números, a partir do desempenho individual de cada guerreiro. Aivso que meus números são diferentes da Federação Paulista, pois ela considera partida disputada quando o atleta aparece na súmula — e Larry estava lá na Venezuela disputando a Copa América e aparecia no scout… Então, pode confiar que fui na unha, jogo a jogo, considero como jogos disputados aqueles em que o jogador entrou em quadra, ok? Aos campeões, pois:

LARRY TAYLOR
22 jogos, 13,9 pontos, 5,1 rebotes, 5,3 assistências
Cestinha do time: 1 jogo – Triplo-duplo: 1 – Duplo-duplo: 1
Voltou da Copa América com fome de bola para apagar a desastrosa campanha com a Seleção. Alternou partidas brilhantes com algumas apagadas, mas foi o show man eficiente de sempre, como comprovam seus números. Foi decisivo no jogo 5 contra Franca, nas semifinais, e igualmente valoroso na decisão, principalmente na marcação dos gringos do Paulistano.

RICARDO FISCHER
28 jogos, 13,1 pontos, 3,2 rebotes, 5,3 assistências
Cestinha do time: 6 jogos – Duplos-duplos: 2

Quando a coisa apertou no final de jogos tensos, ele foi lá, bandejou com segurança e classificou Bauru. Está sendo celebrado pela imprensa especializada como sucessor de Marcelinho Huertas. De fato, é um craque. Sobrecarregado na armação na ausência de Larry, sofreu no início do campeonato, mas, depois, fez a dupla brilhante com o Alienígena, alternando a condução das jogadas.

GUSTAVO SCAGLIA
19 jogos, 2,4 pontos
Teve oportunidades durante o primeiro turno e mostrou que tem potencial, sobretudo nos chutes de fora e nos contra-ataques. Quando a competição afunilou, ficou aprendendo do banco, de onde nunca saiu. E foi importante, ao lado de Kesley, na condução da equipe sub-22 na LDB, já que Ricardo e Gui foram poupados.

KESLEY
4 jogos, 1 rebote
Dominou o garrafão na LDB, foi referência para a molecada, mas uma contusão e a afirmação de Andrezão, Barrios e Mathias não deram chances para ganhar minutos — foram apenas 13 durante todo o Paulista. Por outro lado, é um dos mais queridos do grupo e tem aprendido muito com os experientes Murilo e Tischer.

GUI DEODATO
34 jogos, 9,9 pontos, 2,6 rebotes, 2,5 assistências
Cestinha do time: 3 jogos
Começou o Paulista voando, pontuando bem e até fazendo função diferente, armando o jogo enquanto Ricardo descansava — o que aumentou consideravelmente sua condução de bola e seu número de assistências. Mas veio uma má fase, mão descalibrada e o banco. Entretanto, não deixou de ser um grande defensor, o que o fez recuperar a titularidade na reta final, quando retomou a confiança. Mas tem que amadurecer ainda. Vendendo saúde, foi o único a atuar em todas as partidas.

RAFAEL
10 jogos, 1,5 ponto
Começou com moral, dificilmente um moleque tão novo entra em quadra logo de cara em um campeonato. Fez seus pontinhos, ganhou experiência, mas depois perdeu espaço — no NBB, Gustavo Cortes já está a sua frente no elenco. De qualquer forma, fez história, ao ser o elo entre a última conquista estadual (1999, quando seu pai Maury brilhava) e a atual.

FABIAN BARRIOS
33 jogos, 9,5 pontos, 3,4 rebotes
Cestinha do time: 3 jogos
Chegou bem recomendado, indicado por Magnano e já adaptado ao basquete brasileiro (atuara pelo Goiânia). Após início vacilante, foi ganhando seu espaço, com muita raça, uma bandeja plástica e chute calibradíssimo de três. É muito nítido que teve excelente formação, tem muitos recursos e domina a técnica dos fundamentos. Arrebentou nos três jogos da final.

MATHIAS
30 jogos, 2,4 pontos, 2,1 rebotes
É uma joia bruta, ainda há muito a ser lapidado, ele sabe disso e está feliz de estar ao lado de tantas feras. Temido defensor, o rei dos tocos não foi tão efetivo no ataque, mas marcou seu nome ao acertar a mão exatamente no jogo 5 contra Franca, que garantiu o Dragão na final. Pode se firmar como reserva de luxo que Ricardo, Renato Carbonari, Alex Passilongo e Mosso não conseguiram ser por aqui.

FERNANDO FISCHER
18 jogos, 6,9 pontos, 1,2 rebote
Um ano inesquecível para o Gatilho de Ouro. Conseguiu finalmente recuperar o tornozelo que o atrapalhou por duas temporadas e voltou com a mão calibrada de sempre. Ansioso por recuperar espaço, chegou a discutir, mas entendeu seu papel e teve minutos preciosos para mostrar seu grande valor. De quebra, passou da condição de ex-capitão a ser o cara que ergueu a taça de campeão paulista.

BILOCA
2 jogos
Atuou em apenas duas partidas, ficou no banco sem entrar em outras seis. O suficiente para estar no vestiário com as feras, aprender muito e garantir sua medalha, com dois rebotinhos em 8min56 em que teve a oportunidade de atuar.

MURILO
33 jogos, 17,1 pontos, 9,1 rebotes, 2,1 assistências
Cestinha do time: 13 jogos – Duplos-duplos: 12
Ele foi o cara. Indiscutivelmente. Melhor jogador do Paulista, estrela humilde e agregadora do campeão. Chegou com status de quem iria decidir os jogos e assim o fez em vários. Não fosse aquela exclusão no jogo 3 contra o Palmeiras nas quartas, teria atuado em todas as partidas, provando que fisicamente está sobrando, como aliás desabafou na comemoração.

LUQUINHA
5 jogos, 1,2 ponto
Demorou a voltar, estava inseguro com o joelho operado e acabou por colaborar pouco em quadra. Entretanto, menino bom que é, sempre esteve ali apoiando os colegas. E mostrou total recuperação nas primeiras partidas do NBB em que assumiu a armação e teve atuações destacadas, sobretudo na vitória sobre São José, fora de casa. Vai ser útil no revezamento com Larry e Ricardo daqui pra frente.

ANDREZÃO
30 jogos, 7,8 pontos, 3,8 rebotes
Cestinha do time: 3 jogos – Duplos-duplos: 2
A exemplo de Gui, começou o estadual arrepiando, mostrando flexibilidade ao ter ótimas atuações na posição 3. Quando Larry voltou e Barrios se firmou, entretanto, acabou perdendo minutos, mas seguiu eficiente quando acionado. Jogador inteligente e determinado, o Mamute teve suas qualidades reconhecidas ao renovar contrato para mais duas temporadas.

LUCAS TISCHER
31 jogos, 11,8 pontos, 6,5 rebotes
Cestinha do time: 5 jogos – Duplos-duplos: 2
Jogador que se intitula um “torcedor dentro da quadra”, ganhou o carinho da galera logo de cara — e também do elenco. Foi a grande sacada da diretoria, que entrou em contato com ele no meio de seu “exílio” na temporada argentina, antes que outro time brasileiro o fizesse. Está com um jump interessante e tem correspondido nos rebotes, mas precisa evitar o excesso de faltas, que o excluiu de alguns jogos. Foi simbólico e bonito de ver o Diabo Loiro torcendo na arquibancada, no jogo decisivo, vestindo sua camisa de jogo.

Abaixo, todos os números dos bauruenses — lembrando, levando em consideração jogos em que entraram em quadra!

No Guerreiro JG MIN PT. %3PT %2PT %LL REB. AS. BR
4 Larry 22 34min43s 13,95 32,9 50,6 76,9 5,09 5,27 1,55
5 R. Fischer 28 33min39s 13,11 42,9 48,3 82,2 3,18 5,32 1,18
6 Scaglia 19 9min57s 2,37 26,5 58,3 100 0,95 0,32 0,53
7 Kesley 4 3min13s 0 0 0 0 1 0 0
9 Gui 34 28min54s 9,94 33,5 56,5 77,4 2,62 2,53 1,35
10 Rafael 10 5min42s 1,5 50 33,3 25 0,2 0,2 0
11 Barrios 33 24min08s 9,55 41,4 50,5 71,9 3,45 1,39 0,88
12 Mathias 30 8min17s 2,43 0 54,5 68,4 2,07 0,03 0,23
14 Fischer 18 16min48s 6,94 50,9 42,3 84,2 1,22 0,5 0,33
19 Biloca 2 4min16s 0 0 0 0 0,5 0 0
21 Murilo 33 32min34s 17,12 35,2 58,4 84,1 9,06 2,09 1,45
23 Lucas 5 2min24s 1,2 0 100 100 0,6 0,2 0
31 Andrezão 30 21min58s 7,8 33,3 59,8 75,6 3,77 1,23 0,73
99 Tischer 31 25min43s 11,74 44,4 55,6 69,2 6,48 0,77 0,65

JG=jogos. MIN=minutos*. PT= média de pontos*. %= aproveitamento de três pontos (3PT), dois (2PT) e lances livres (LL). REB= rebotes*. AS= assistências. BR= bolas roubadas*.
* médias por partida

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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