Categorias
Coluna

Acreditável Otacílio

Coluna PAPO DE FUTEBOL da semana fala da redenção de Tatá

Texto publicado na edição de 21 de março de 2011 no jornal Bom Dia Bauru

Acreditável Otacílio

O futebol desperta tanta paixão por resistir a prognósticos com suas zebras, encantar multidões por ser a melhor das metáforas da vida fora dos gramados. E, principalmente, por gerar tantos personagens com histórias riquíssimas – a maioria delas, vividas no limite entre o céu e o inferno. No último sábado, a saga de Otacílio Neto no Noroeste ganhou mais um capítulo. Sua trajetória alvirrubra cheia de suor e gols estava se desmanchando até que, munido de seu mais característico poder, a raça, reergueu-se. Até a forma como fez seu gol espelha essa luta.

Nada que o devolva de imediato ao patamar de heróis noroestinos, mas os gritos de “Burro!” que o treinador Lori Sandri teve que ouvir da torcida ao substituir Tatá já são um sinal de reconciliação com a galera. Acrescente-se que a substituição era mesmo necessária, para poupar o atleta, voltando de contusão e pendurado com dois cartões.

Como no futebol a opinião é pautada pelo imediatismo, Otacílio terá nova prova na próxima quarta-feira, contra o Grêmio Prudente. E assim segue a vida do filho de Seo Barreto e Dona Nonon, orgulho da comunidade de Estreito, na cearense Orós. Como milhares de conterrâneos, trilhou o caminho do Sudeste. Mais um retirante que venceu.

Após inicialmente recusar-se a usar a camisa do Inacreditável Futebol Clube – referência ao incrível gol que perdeu contra o Mirassol, na 11ª rodada –, o atacante voltou atrás e a vestiu, para minimizar a antipatia que gerou em meio a sua fase negra. Não colou muito – botou a negativa na conta da diretoria –, mas a verdade é que essa camisa não lhe caiu bem. Por sua trajetória, Otacílio Neto é digno de crédito. Boto fé que o Norusca pode se salvar com sua ajuda.

Corneta desligada
Ser cronista é tarefa das mais difíceis. Afinal, é preciso desligar o lado torcedor e botar a razão na frente da emoção para não passar informação equivocada. Nem no formato opinativo se dá ao direito de cometer uma injustiça. Por isso mesmo, corro o risco de parecer ingênuo. Mas nunca irresponsável.

A corneta da vez em Bauru é a de que o time só correu depois que Damião Garcia prometeu premiação pela permanência da Série A-1. Pra falar a verdade, não vi nada de excepcional sábado, no Alfredão. O Noroeste jogou mal de novo, passou certo sufoco no segundo tempo e rifou a bola como pode. E não me pareceu mais raçudo do que antes. Excetuando as partidas contra os grandes, naturais combustíveis pela visibilidade que geram, há pelo menos três jogos em que o time correu mais (e melhor). Ao buscar o empate com o Bragantino no finalzinho e nas boas atuações contra Botafogo e Mirassol.

Tem mais: o timaço alvirrubro de 2006, exaltado em prosa e verso, era movido a bicho – combinado desde o início, é verdade, mas era. Jogador de futebol gosta de dinheiro como todo mundo. Amor à camisa? Em time de aluguel isso não existe. Ou você acha que atletas dos times do Interior que estão no G-8 beijam seus escudos?

Calculadora
Apesar do alívio momentâneo, a situação do Norusca segue preocupante porque a tabela é cascuda depois de encarar o fraco Prudente. O time precisa de pelo menos uma vitória fora de casa contra Oeste, Portuguesa ou Ituano. Difícil imaginar qual o menos complicado, mas a esperança está na Lusa, que costuma escorregar no Canindé vez ou outra. Como acabou de golear o Mirassol, sua caminhada oscilante pode ter uma baixa justo contra o Alvirrubro…

Já com o São Paulo, em casa, a torcida é para que o Tricolor poupe jogadores pensando na Copa do Brasil. Um empate já seria precioso.

Foto na homepage: Arquivo/Agência Bom Dia (Luís Cardoso)

Categorias
Noroeste

A hora e a vez de Otacílio e Vandinho

Dupla tem seis jogos, a partir do duelo com a Ponte, para justificar investimento

O meia-atacante Vandinho foi o primeiro nome anunciado pelo Noroeste como reforço para o Paulistão 2011, ainda em outubro do ano passado. Apesar de um 2010 muito fraco em que jogou apenas 64 minutos, vinha para refrescar a memória dos noroestinos, por suas boas passagens pelo clube em 2007 e 2008. Até o momento, não correspondeu, aparentando pouco preparo físico.

Já Otacílio Neto, na condição de grande ídolo da história recente do Noroeste – principalmente pelos dez gols no Paulistão 2008 -, foi o grande reforço – acerto que demorou a ser concretizado, mas Tatá manteve sua palavra. Jogador do Corinthians, veio com status de alto salário (boa parte bancada pelo Timão), ganhou a camisa 10, mas se machucou logo na quarta rodada. Soube que anda muito chateado com a situação do Noroeste, pelo tempão que passou no departamento médico e, principalmente, pelo período conturbado que passa com a torcida, que tanto o aplaudiu no passado. De quebra, pegou fama de antipático ao se recusar a vestir a camisa do Inacreditável Futebol Clube, do programa Globo Esporte (pelo incrível gol que perdeu contra o Mirassol). A verdade é que o clima do Noroeste não está para brincadeiras – e o clube já havia avisado a TV Tem, via assessoria, que Otacílio não vestiria.

Agora, na 14ª rodada do Paulistão, os dois têm a chance de virar o jogo, tornarem-se heróis de uma sonhada arrancada contra o rebaixamento. Aposto em uma vitória noroestina com o brilho de Otacílio. Mordido, o raçudo atacante vai mostrar serviço – desde que não se machuque, claro. Já a escalação de Vandinho é contestável, pois deixa no banco o jovem Diego, que vinha bem – apesar de também cansar durante as partidas.

Que tenham sucesso na tarde de sábado e façam o norestino se lembrar de seus bons tempos.

3-5-2
A princípio parece esquisito um time que precisa tanto ganhar – e em casa – jogar com três zagueiros. Mas foi esse esquema que deu certo em um curto período da vacilante trajetória noroestina. Estreou naquele empate contra o Paulista, em Jundiaí, e foi o esquema da única vitória até agora (goleada sobre o Mogi). Adaptado para o 3-6-1, foi elogiado na derrota para o Santos, na Vila, e foi abandonado após derrota para o São Bernardo.

Se Márcio Gabriel e Gleidson atuarem como na partida contra o Palmeiras – com vontade de mostrar serviço – pode funcionar, pois não terão tanta obrigação defensiva. Minha dúvida é sobre o desempenho do jovem Victor Júnior sozinho na armação – é a grande aposta de Lori, que sacou Ricardinho do time na rodada passada, até então titular absoluto e responsável pela maioria das assistências.

Segundo os colegas da imprensa apuraram, o Alvirrubro deverá enfrentar a Ponte com: André Luis; Cris, Halisson e Matheus; Márcio Gabriel, Tiago Ulisses, Júlio César, Victor Júnior e Gleidson; Vandinho e Otacílio Neto.