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Bauru Basket se despede do ginásio da Luso com vitória tranquila

Foi um jogo bem esquisito, é verdade. Apagão no início do primeiro quarto, cesta contra – isso mesmo, Pilar se confundiu com um lado e anotou dois pontos para a Liga Sorocabana! -, e, como de costume quando os guerreiros enfrentam um time fraco, a partida vira pelada em alguns momentos. Foi um tal de bola pipocando na mão dos jogadores, erros bisonhos de passes, faltas um pouco mais imprudentes – pode, Arnaldo? – do que o habitual. De qualquer forma, ficou marcada como a última partida do Bauru Basket no ginásio da Associação Luso Brasileira, com direito a discurso emocionado do presidente Joaquim Figueiredo, em agradecimento – seguido da simpatia do Seo Zé, convocando a torcida a migrar para a Panela de Pressão.

Bauru venceu por 104 a 59 e fechou o primeiro turno em terceiro, com 11 vitórias e três derrotas. Classificado para o Interligas pela primeira vez.

Durante a transmissão da partida, o Jornada Esportiva ouviu profissionais da Recoma (empresa responsável pelas reformas de teto e piso), que garantiram a quadra da Panela entregue antes do dia 9 de fevereiro – data do jogo contra o Flamengo. Está nas mãos da Semel, então, a responsabilidade de deixar o palco apto para essa grande festa. Questionado pelo repórter João Paulo Benini sobre o prejuízo técnico de enfrentar o Rubro-Negro em um piso desconhecido, após pouco tempo de treinamento na nova arena, Guerrinha viu coerência na preocupação de JP, mas disse que é preciso pensar no projeto neste momento, pois considera ser importante dar esse passo adiante, ainda mais com a grandeza do adversário.

Fischer foi o cestinha do jogo com 29 pontos (e 9 rebotes, quase um inédito duplo-duplo!). “Acho que ele nunca fez isso na vida. Nem com a mãe dele fazendo o scout!”, brincou Guerrinha.

O Gatilho de Ouro ainda teve a honra de fazer a última cesta do ginásio, que em breve deverá ir ao chão. “Foi emocionante. Minhas melhores lembranças do basquete estão aqui dentro desse ginásio. É uma pena. A torcida fica muito próxima, conheço muitos torcedores por nome, somos convidados para os aniversários dos filhos. Mas, pelo menos a última bola foi de três, tinha que ser, vai ficar pra sempre…”, disse o camisa 14.

Sobre a Panela, ele espera contar com mais gente apoiando o time – e conhece a pressão de lá. “Já joguei muitas vezes lá, na época da Hebraica. Contra o Tilibra era dureza, a gente jogava, jogava e olhava para o placar… 20 pontos atrás. É um ginásio intimidador, a torcida de Bauru sempre acompanha. Vai ser um grande momento do basquete da cidade, espero que seja mais um degrau que possamos subir, com mais torcida, mais bilheteria. Muita coisa vai acrescentar”, comentou.

Perguntei ainda a Fischer sobre o nível da partida, do adversário, sobre como o time conduziu a vitória tranquila. “Por ser estreante no NBB, Sorocaba está fazendo uma ótima campanha, já venceram equipes grandes. Mas não deixamos eles jogarem, não permitimos que desenvolvessem tudo o que podem. Mas é claro que, com a folga no placar, tentamos alguma jogada diferente, que numa situação normal não tentaríamos”, concluiu.

Outros destaques no scout de Bauru: Larry “discreto” (7 pontos, 9 assistências e 4 roubadas), Thyago Aleo (11 pontos e 6 assistências) e mais um duplo-duplo de Jeff Agba (16 pontos e 10 rebotes). A seguir, algumas fotos do confronto e, mais abaixo, a habitual entrevista com o técnico Guerrinha.

Douglas Nunes em lance livre: 14 pontos no jogo (3/4 em chutes de três)
Aleo marca o arisco norte-americano Dawkins, que se desdobrou em quadra (18 pontos em 41 tentados)
Jeff Agba no rebote: ele está numa temporada inspiradíssima e já caiu as graças da imprensa especializada Brasil afora
Já o Jeff deles, Trepagnier (que já jogou no Denver Nuggets, na NBA), anotou 18 pontos (metade em chutes de três) e tomou um toco fantástico de Andrezão
Casa cheia: torcida lota uma partida que, normalmente, seria de menor interesse, para se despedir da Luso

ENTREVISTA COM GUERRINHA

A cesta contra de Pilar (pergunta de um colega do Jornal da Cidade)
“Do Pilar você pode esperar tudo! Já entramos num jogo, uma vez, com quatro em quadra e o Pilar no banco… Ele é desligado, mas a intensidade e a vibração dele na quadra contagia.”

Bauru teve duas derrotas lamentadas, daquelas que poderia ter ganho (Uberlândia e Brasília). Se vencesse, seria o líder com folga. Isto é: Bauru é um time forte que pode sonhar com o título do NBB?
“Existe temporada regular e playoff. Temos uma equipe muito coesa, que trabalha passo a passo, com foco, que mantém a concentração. Algumas equipes não têm esse trabalho, apesar do potencial. Quando chega o playoff, as equipes com jogadores de categoria, vêm com a mesma concentração que a nossa e têm mais experiência. Não vou ficar aqui rezando a cartilha, mas isso faz a diferença. A gente espera que a cada campeonato possamos dar um passo à frente, melhorar. Fico muito feliz de ver que o Fischer, que quando chegou aqui só tinha arremesso, hoje marca, dribla, dá assistência. Dá alegria ver o Gui, que foi dispensado de Garça porque errou uma bandeja, hoje é uma realidade, que com certeza, se continuar com a mesma humildade e trabalho, pode ser convocado para a Seleção Brasileira no futuro. O Jeff é um bom jogador, mas demos uma ‘repaginada’ nele para jogar no basquete brasileiro. Todos que vêm pra cá crescem. Quem não cresce, a gente libera e traz outro.”

Quimsa, da Argentina, Leones, do Chile, e Brasília. Que análise faz do grupo bauruense na Liga das Américas?
“Nesse nível, não tem muita escolha. Nossa vantagem é jogar em casa. Temos condições de classificar para a segunda fase e ficar entre as oito melhores equipes da América, mesmo com uma equipe que nunca disputou um campeonato desses. Mas estaremos com casa lotada, com vibração. E o time está bem treinado, você sente que está sobrando fisicamente, tecnicamente, taticamente. Dá gosto de ver. Parece o meu Santos jogando!” 

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Bauru 1, arrogância 3

Cheguei em casa após a partida de sexta-feira às 23h30, mala para fazer e estrada na manhã seguinte, para São Paulo. Apesar de os dedos estarem coçando, não fiz a matéria sobre o jogo… A partir daí, decidi resumir tudo o que vi na minha coluna de segunda-feira, no BOM DIA. ela se chama ‘Papo de FUTEBOL’, mas permite essa louvável exceção que é o Bauru Basket. O editor-chefe Thiago Roque, exímio armador na juventude, defendendo sua Descalvado em Jogos Regionais, topou na hora. É minha singela homenagem a esse time de guerreiros que arrebatou meu coração rubro-negro. Espero que gostem.

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Texto publicado na edição de 2 de maio de 2011 no jornal Bom Dia Bauru

O time de Bauru

Em janeiro de 2001, a revista Placar, maior publicação futebolística no país, trouxe Gustavo Kuerten em sua capa, com a chamada “O que esse cara está fazendo na nossa capa?” A quebra de protocolo tinha enorme justificativa: no mês anterior, Guga havia fechado o ano como primeiro do mundo, algo antes improvável para um tenista brasileiro. Lembrei-me desse precedente para transferir este papo do futebol para o basquete e, assim, desfazer o nó que está na minha garganta desde a última sexta-feira.

Foi quando o time de guerreiros se despediu do Novo Basquete Brasil sob calorosos aplausos. Normalmente, o derrotado deixa o campo de batalha sob vaias ou indiferença. Não o Itabom/Bauru Basket. A equipe nunca se entregou. O gigante Flamengo não conseguiu calar o ginásio da Luso. Sua comemoração do bonde sem freio, ao final da partida, foi constrangedora. Os rubro-negros tinham todo o direito, como vencedores, mas deveriam aplaudir o público bauruense, muito mais apaixonado pelo basquete – a arena da Barra, no Rio, esteve às moscas nos jogos 2 e 3 do playoff.
A postura arrogante do Flamengo durante essas quartas de final constrangeu a mim, flamenguista desde sempre (no gramado), que sabe que o Manto Sagrado é muito maior do que a marra de Marcelinho. Maior ainda do que o estafe carioca, que na retaguarda do banco de reservas não soube levar na esportiva vaias e provocações naturais de uma disputa tensa.

Durante o jogo, eu olhava para aquele escudo em peitos tão indignos e tentava borrá-lo em minha mente. Por ser impossível tarefa, foquei-me no sorriso do boleirão Larry – que transforma uma aparente displicência em eficiência –, na raça de Pilar, na entrega de Fischer. Mal sabia, àquela altura da partida, que as lágrimas de Douglas Nunes lavariam a alma de todos. O camisa 13 lamentou o erro na última bola. As palmas que o afagaram não eram de perdão, não havia o que desculpar. O torcedor agradecia a dedicação.

Reconhecimentos ilustres
A jornalista Vanessa Riche, do Sportv, veio a Bauru e disse, em  conversa com a coluna, ter ficado impressionada com o caldeirão que é o ginásio da Luso. “Se fosse jogadora, não conseguiria atuar aqui. Que energia!”, confessou. Já o gerente técnico da Liga Nacional de Basquete, Lula Ferreira, elogiou o trabalho da diretoria bauruense. “O Bauru Basket se cercou de pessoas competentes, descobriu talentos. Muitos desses jogadores, que ainda buscam uma posição de destaque, já chegaram muito longe. E o principal é que não foi formado simplesmente um time de basquete, mas um time da cidade”. O time de Bauru.

Visibilidade e grana
A diretoria teve uma boa sacada para o confronto decisivo, com TV. Encomendou uniformes novos, agora com a marca Itabom nas costas, sobre os números. Maior visibilidade para a empresa que fez essa equipe acontecer – e que precisa de mais apoio financeiro. Os diretores Vitor Jacob e Joaquim Figueiredo demonstraram otimismo em fechar com mais um patrocinador master. Há conversas em andamento. Somente com mais grana o time conseguirá manter o pivô Jeff e trazer um brasileiro de renome.

Cordialidade
O ala Pilar, símbolo da raça do Bauru Basket, foi conversar com o ala Marcelinho assim que o cronômetro zerou. “Foi uma série muito tensa, de muita animosidade, muita marcação entre mim e ele. O Marcelinho é um cara que põe um desafio na quadra como o último da vida dele. Joga de forma agressiva, eu também. Houve discussão no Rio. Mas, no final, somos todos jogadores e a quadra é só uma fantasia da vida. Ele é guerreiro como a gente. Eu disse que o respeito e desejei boa sorte”, revelou à coluna. Eu tenho ou não que torcer para um time desses? Com muito orgulho.

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NBB: Bauru Basket em números

Guerrinha analisa scout no intervalo do duelo com Brasília: números são fundamentais (foto minha)

Um passeio pelas estatísticas, que explicam a campanha dos guerreiros no Novo Basquete Brasil 3

(números não incluem a excelente vitória sobre São José)

Fazendo projeções, mais especulativas e adivinhatórias, diga-se, devido ao equilíbrio do NBB, o Itabom Bauru deverá terminar a fase de classificação em sexto ou sétimo. Dificilmente abaixo disso, mas – por que não? – com chances de chegar mais alto. Enfim, deixemos a subjetividade e olhemos para números concretizados, atualizados até 1º de março, com 21 jogos realizados pelo time bauruense (olhando também o desempenho em casa).

O maior destaque: Bauru tem o melhor aproveitamento em arremessos de 3 pontos!
41% dos chutes de longe vão parar na redinha
na Luso: 44,7% (1º)

Média de pontos por partida: 87,2 (4º)
51% desses pontos em bolas de 2
34% em chutes de 3
15% em lances livres
(Flamengo é o primeiro com 88,8)
na Luso: 92,1% (3º melhor pontuador como mandante)

Rebotes por jogo: 33,2 (2º)
69% defensivos
31% deles ofensivos
(Brasília lidera quesito, com 34,6)
na Luso: 31 (8º entre os mandantes)

Assistências: 15,2 a cada partida (4º)
(São José é melhor em passes decisivos, 19)
na Luso: 18 (4º)

É o time que erra menos! 8,3 violações por jogo
(Vitória erra mais, 13)
na Luso: 7,8 (1º)

Penúltimo time em roubadas de bola… somente 6,1
(Brasília rouba 9 por jogo)
na Luso: 7,3 (11º)

4º time menos faltoso: 18,5 infrações por partida
(São José bate mais: 21,8)
na Luso: 19,1 (5º mandante menos faltoso)

DESTAQUE INDIVIDUAIS

Fischer
3º mais eficiente em bolas de 3 pontos: aproveitamento de 54,9%
Entretanto, quem está a sua frente chutou muito pouco. Paulão, de Assis, tem 83,3%, mas chutou apenas 6 vezes em 20 jogos (acertou 5); Lucas (Bauru) acertou 3 de 4 (75%) em 5 jogos

Jeff Agba
5º reboteiro do campeonato (7,5 por jogo)
4 duplos-duplos

Larry Taylor
jogador mais eficiente de Bauru (e o 7º do NBB)
9º ladrão de bolas (1,9 por jogo)
único TRIPLO-DUPLO até agora no NBB3
2 duplos-duplos

Pilar
3 duplos-duplos

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Bauru atropela o Minas no NBB

Alex passeou no garrafão mineiro. Foto de Hugo Resende/NBB (inclusive home)

Time bauruense vinga-se da derrota em casa em passeio televisionado

No primeiro turno do Novo Basquete Brasil, depois de três jogos fora (duas vitórias), o Itabom/Bauru Basket finalmente estreava para sua torcida – e com transmissão do Sportv. Mas o adversário, Minas, estragou a festa. Venceu por 82 a 78 um jogo equilibrado e manteve o tabu de nunca ter perdido para o time de Guerrinha no NBB.

Pois o tal tabu se foi. O Bauru Basket passeou em Belo Horizonte (86 a 65) nessa sexta (18/2) e, de quebra, tomou a posição do adversário na classificação. Agora, é o sétimo, com 11 vitórias em 18 jogos, e lança boa expectativa para o confronto com o Flamengo, no Rio, no próximo domingo – às 12h, também com Sportv.

Aliás, boa série de visibilidade para Itabom e cia. Será o quarto jogo seguido do time bauruense na telinha.

Desta vez, a tal ‘síndrome do terceiro quarto’ manifestou-se de forma mais amena. Era natural que o Minas viesse mordido do intervalo após o elástico 55 a 30 construído pelos guerreiros. A verdade é que o time conseguiu manter segura a vantagem, pois Guerrinha pedia tempo sempre que os mineiros ameaçavam uma sequência de pontos.

Olhando para a classificação, é fácil perceber o nivelamento do campeonato e como derrotas bobas fazem diferença. Falar em quarto lugar não é nenhuma loucura. Se o Bauru Basket tivesse vencido pelo menos dois daqueles quatro ‘jogos-cochilo’ (Paulistano, Limeira e Araraquara, no primeiro turno; Pinheiros, no segundo), o time estaria exatamente em quarto, com 72,2% de aproveitamento. Mas, o SE é o monossílabo da inutilidade, é leite derramado. Mas, que o time tem condições de estar nas cabeças, tem.

Com isso, vencer o Flamengo no Rio não deixa de ser surpresa, uma pequena zebra, até. Entretanto, não causará espanto. É possível. Basta os guerreiros deixarem o cochilo para a viagem de volta a Bauru.