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Imprensa: chegou a hora da verdade, Norusca!

Como o Norusca tem jogado fora de casa nas últimas semanas e não posso acompanhar o time, confio no olhar dos colegas, verdadeiros termômetros  de como o Alvirrubro se comporta em campo. Na última quarta-feira, ouvi um irritado Jota Augusto na Auri-Verde – sou admirador confesso do Jornada Esportiva, mas não consegui acessá-lo dessa vez. O repórter da Jovem não se continha com a bolinha que o Noroeste jogava.

Diariamente, ouço o outro Jota (Martins), na divertida resenha do Giro Esportivo da 87FM. Invariavelmente, o “Bom de bola” questiona a caminhada noroestina – e coberto de razão.

Rafael Antônio e companhia, do Jornada Esportiva, pontuam os problemas com argumentos bem colocados e também sabem ponderar, quando necessário. As transmissões do site, hoje, são referência. Grandes noroestinos comentaram recentemente aqaui no Canhota 10 essa preferência. O próprio Rafael, o guerreiro que mais divulga o esporte de Bauru, deve ter esse termômetro, nas manifestações por e-mail de seus internautas.

A cobertura dos jornais é mais factual, mas nos bastidores dá para sentir que os colegas estão preocupados com o andamento do time, com elenco inchado, indefinição de quem manda na beira do gramado.

Por fim, a cobertura do Noroeste ganha novo ingrediente, com a saída do experiente Erlinton Goulart da assessoria de imprensa do clube. Dedicado agora exclusivamente ao seu site Futebol Bauru, reviverá os tempos de Diário de Bauru, quando era o “repórter furacão”.

Toda essa turma de colegas – será que um dia a ACEB (Associação dos Cronistas Esportivos de Bauru) volta? – está preocupada com o Paulistão 2011. Se chegaremos com um time forte. Se pelos menos meia dúzia desse elenco sobrevive para essa competição. E, principalmente, concordam que é FUNDAMENTAL conquistar vaga para a Série D e começar uma longa escalada até a Segundona nacional – que já está de bom tamanho e tem grana da TV.

Então, Noroeste, a hora da verdade chegou, os adversários serão mais fortes, o elenco será testado pra valer. A vaga na Copa do Brasil parece mais distante, hoje, mas não é impossível. Mas trabalhar duro tem que ser uma certeza. Comam grama e honrem essa camisa!

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Norusca empata com o fraco Prudente

De Bauru
(ligado na Jovem Auri-Verde)

Em partida até movimentada, porém sem muitas jogadas criativas, o Noroeste empatou com o fraco time B do Grêmio Prudente nesta quarta-feira (8/9) e chegou aos 11 pontos, mantendo-se na terceira posição. Com pouca criatividade, o time se apoiou na bola parada, acertando duas bolas na trave em cobranças de escanteio e fazendo seu gol nas mesmas condições. Com a bola rolando, Cleverson e Juninho também deram trabalho nas duas únicas jogadas trabalhadas.

O Norusca agora tem dois compromissos em casa (Penapolense, dia 11 às 19h; XV de Jaú, dia 19 às 10h) e precisa de apenas um empate para se garantir matematicamente na segunda fase. Para a a próxima partida, Roque e Kelisson, suspensos, ficam fora.

Atualizado às 10h30 de 9/9: conforme deduziu o atento Webesportiva, a partida entre Prudente e Marília, na última rodada do grupo 1, já garante o Norusca matematicamente, pois pelo menos um deles perderá pontos e, assim, já não há possibilidade de o Alvirrubro ficar em quinto.

Espero que, quando começar a segunda fase, o Noroeste tenha um onze definido, entrosado, com padrão tático e vontade de vencer. Tempo para treinar, houve de sobra… Pelo que vi e ouvi até agora, o time da segunda fase seria: Yuri; Mizael, Bonfim, Geilson e Gustavo Henrique; Juninho, Hernani, Cleverson e Giovanni; Rafael Aidar e Diego. Mesmo sem ver Gustavo jogar, Roque não dá mais…

Se quisesse encomendar a barca, poderia dispensar, sem receios – e já pensando no Paulistão: Kelisson, Roque, Lello, Marcus Vinícius, Adilson Souza e Paulo Roberto.

LANCES CAPITAIS DO JOGO

1º tempo

17′ Willian José cobra falta com perfeição e abre o placar para o Prudente.

22′ Almir Dias cobra escanteio fechado e acerta o travessão.

33′ O Norusca empata em nova cobrança fechada de corner, dessa vez com o destro Deivid. O árbitro credita o gol a Rafael Aidar, alegando que o atacante tocou a bola.

45′ Perseguindo mais um gol olímpico, Deivid acerta o travessão novamente em chute de canto.

2º tempo

1′ O Prudente assusta. Willian cruza da esquerda, a bola viaja até acertar a trave, traindo o golpe de vista de Alexandre Villa.

13′ Cleverson, em jogada individual, arrisca forte chute, que o goleiro Thiago espalma – ela ainda explode na trave.

41′ Juninho bate forte da entrada a área e obriga o camisa 1 prudentino a fazer difícil defesa.

Ao final da partida, ao microfone do repórter Jota Augusto, o auxiliar Marcos Antônio Ribeiro avaliou o time: “Estamos buscando afirmação ainda. A equipe ainda patina. Mas temos que insistir. Na segunda fase, deveremos estar com um time mais consistente.”

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Na raça, Norusca empata o dérbi

De Bauru
(ligado no Jornada Esportiva)

Clássico, somente nos escudos, nas camisas, na lembrança. O Abreuzão estava vazio e a maioria dos marilienses preferiram queimar uma carninha em casa a ver a boleirada correr debaixo do fortíssimo sol do final da manhã.

O Noroeste conquistou importante empate para ficar mais perto da vaga na segunda fase da Copa Paulista. A nota negativa fica por conta de uma nova contusão de Giovanni. A joia noroestina voltava de um período inativo e teve o azar de ter fratura exposta em um dos dedos da mão esquerda. E o jogo só pode ser reiniciado depois do retorno da ambulância que levou o jogador. Por isso o gol salvador, do estreante Diego, ter saído aos 58 do segundo tempo!

Se o desempenho noroestino ainda não inspira muita confiança da torcida, a presença da molecada em campo anima. Seria mais, não tivesse Mizael, contundido, ficado de fora. O substituto (e ex-maqueano) Rafael Mineiro, porém, se redimiu fazendo gol. Além de Juninho, Richard, Giovanni (uma pena se contundir de novo…) e Leleco, importante destacar a vontade em campo do atacante Diego. Apesar de não ser da base, tem apenas 20 anos e parece ser uma boa aposta. Já o também jovem Marcus Vinícius, vindo do Goiás, segue desapontando.

O Norusca se firma na terceira posição do Grupo 1 da Copa Paulista – e não deve sair daí – com dez pontos (três vitórias, um empate e três derrotas). Na próxima quarta, 8/9, visita o Grêmio Prudente.

O JOGO

A exemplo do que ocorreu em Bauru, no primeiro turno, a molecada de Marília começa impondo sua correria, sobretudo debaixo do sol escaldante – e o tempo seco. O perigo é sempre com o atacante João Paulo, que cabeceia para fora aos sete, após cobrança de escanteio. O camisa 9 abre o placar aos 20, quando recebe passe, limpa a zaga e bate forte, sem chances para Villa.

A partir daí, o Norusca reage, apesar de Almir Dias falhar na armação. Em boa troca do auxiliar Marcos Antônio, Giovanni entra no lugar de Negretti, deixando o time mais ofensivo. O meia joga aberto pela esquerda, com Roque se limitando a fechar o setor por aquele lado.

O menino Richard, estreando como titular no profissional, começa a mostrar seu talento, ao lançar Almir Dias. O camisa 10 se livra do goleiro Juninho, mas o zagueiro Cazão tira em cima da linha. A insistência noroestina dá resultado aos 43. Após cruzamento, Cleverson briga no meio da área e a bola sobra para Rafael Mineiro, que bate forte, de canhota, no canto esquerdo. O Trem-Bala quase vira ainda no primeiro tempo, quando Leleco desperdiça boa chance, chutando pra fora.

O gol indicava um Norusca superior no segundo tempo, mas o MAC surpreende logo aos 11, novamente com João Paulo. O centroavante é lançado por Everton, dribla Bonfim e fuzila Alexandre Villa, marcando belo gol.

Atrás novamente no placar, o Noroeste se mexe. Marcus Vinícius e Diego (estreando) formam a nova dupla de ataque a partir da segunda metade da etapa final. Na base da insistência, mas com pouca inspiração, o Alvirrubro tenta o empate, ao mesmo tempo em que é pouco ameaçado.

Com a contusão de Giovanni, a partida é obrigatoriamente suspensa até que a ambulância retorne ao estádio. Enquanto todos julgavam que essa esfriada beneficiaria o MAC, o Noroeste não desiste. Aos 58, a bola é lançada na área, Marcus Vinícius escora, Guilherme se enrola e Diego chega, oportunista, de bico. Na raça, o Norusca evita uma derrota que seria desastrosa para um dérbi contra o time B do rival, mesmo fora de casa.

O balanço do treinador Luciano Dias, ao microfone de Thiago Navarro: “Não merecíamos a derrota, pelo nosso empenho. Valeu, pela superação, termos somado um ponto. Os jovens estão aproveitando bem as oportunidades e o Richard pode render ainda mais, pelo que mostrou nos treinamentos”.

Que continue dando oportunidade aos garotos.

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Entrevista com TOSTÃO

Esta entrevista que fiz com o craque Tostão saiu na edição 8 da revista Gol FC, em abril de 2009. O cronista fala de futebol com clareza, quase que de forma didática, para não dar brecha a interpretações equivocadas sobre o que pensa. Vale a pena conferir. Atente-se para perguntas que o tempo já desgastou (marcadas com ***), mas que as respostas lúcidas merecem apreciação.

TOSTÃO

O cronista mais admirado do país fala com a coerência e a sinceridade que o caracterizam desde os tempos de jogador

Por Fernando BH

A fala é mansa e o sotaque mineiro, inconfundível. Na conversa por telefone com Gol FC, nenhum barulho ao fundo. A serenidade é mesmo a marca de Tostão. Colunista de grandes jornais brasileiros, o doutor Eduardo Gonçalves de Andrade, 62 anos, diagnostica como poucos o nosso futebol. E, apesar de não gostar muito, também fala um pouco de sua gloriosa (e por vezes dramática) trajetória. Desnecessário desejar boa leitura quando o craque da palavra está em campo.

Por que você critica a importância que se dá hoje aos técnicos?
Que fique bem claro que eu os acho importantes, só que a imprensa supervaloriza. Uma substituição qualquer é responsável pela vitória do time. Às vezes a troca foi errada, mas o time acabou ganhando e dizem que foi mérito do treinador. A mesma coisa o contrário, quando perde e ele substitui bem. O futebol tem tantos detalhes para o pessoal se concentrar tanto no técnico… ‘O time do fulano’! Há um exagero na relação de imprensa e torcedor com o técnico.

O papel do manager não agrada a diretoria do São Paulo. Será difícil vermos Vanderlei Luxemburgo dirigindo o Tricolor? ***
Essa é uma grande qualidade do São Paulo. Um dos motivos de estar à frente dos outros. Lá, o técnico é somente técnico. Apesar de a imprensa continuar dizendo que ganha por causa do Muricy… Claro ele é bom, eficiente, conhece futebol, é sério, sabe organizar um time. Mas são coisas que todo bom técnico deveria fazer. O que não pode é achar que ganhou um jogo só porque mudou o Richarlyson dois metros pra esquerda ou pra direita.

E o que é aquela rispidez com a imprensa?
Ele não tem paciência de ficar respondendo a muitas perguntas sem sentido. Há outras que não responde porque acha que técnico não tem que dar explicações à imprensa. Aí, vai para as entrevistas mal-humorado. Dá a impressão de que não queria estar ali e tem um comportamento às vezes mal educado e agressivo. Mas há um pouco de extremismo nisso. Não é só o Muricy. Cada um tem seu estilo, mas eu noto que todos os técnicos, com algumas exceções, acham que não têm obrigação de dar explicações. Eles acham o nível das perguntas de alguns repórteres da cobertura diária ruim. Algumas vezes, eles têm razão.

Como seria o Tostão técnico?
Seria mais democrático, tentaria cativar as pessoas com a troca de informações e opiniões. Não gosto do personalismo, do extremismo, o fato de ser o grande chefe, todos obedecendo, o que é comum no Brasil. Muitos ex-jogadores não conseguem ser bons técnicos porque não conseguem passar de uma função para a outra. O Renato Gaúcho continua agindo como se fosse a estrela que era como jogador. Se eu fosse técnico, eu ia querer assistir lá de cima. Na primeira derrota do time, iriam falar que faltou comando lá embaixo (risos).

E o Dunga? Você já sugeriu que ele se demitisse… ***
Ele não deveria ter sido escolhido, por não ter experiência como técnico. Mas os resultados dele são bons e qualquer pessoa que entenda futebol pode ter bons resultados. Basta que seja uma pessoa bem informada. O Maradona, por exemplo. Todos o achavam a última pessoa capaz de ser treinador de futebol. Vi a Argentina jogar e o time é organizado em campo. O Dunga sabe como colocar um time em campo, é o que todo técnico deve saber. O fato de o Dunga ter resultados iguais aos que teria Parreira, Luxemburgo ou Muricy mostra que, mesmo que seja um técnico que não entenda nada de futebol, qualquer um que entrar ali vai ter o mesmo aproveitamento médio. O mais importante não é o técnico, ele é uma parte. O Brasil pode ser campeão do mundo com o Dunga. Mas quero enfatizar que não é a presença do técnico que vai fazer ganhar ou perder.

No caso do Maradona, a admiração dos jogadores argentinos pelo mito influencia em campo? ***
Pode ajudar, mas não sei dimensionar. Os jogadores o admiram, querem vê-lo bem, mas se a Argentina tiver sucesso, não vou achar que essa é a principal razão.

Por que o Pelé não é tão amado pelos brasileiros como o Maradona é pelos argentinos?
O Maradona encarna o que é o ser humano. Ele se expõe, mostra suas fraquezas. O Pelé é uma boa pessoa, claro, mas passou a vida toda querendo mostrar o que não é. E as pessoas percebem isso. Todos o reconhecem como maior jogador de todos os tempos, mas não têm muita admiração pela sua figura. O Pelé gosta muito de fazer média. Vai à Itália, faz média. Vai à França, faz média. No Brasil, fala outra coisa. O Maradona pode falar besteira, mas fala a mesma coisa em qualquer lugar do mundo.

Já virou lugar comum dizerem que o nível do futebol praticado no Brasil é baixo. Você concorda?
Pela saída de tantos jogadores e pelo fato de que os da Seleção, com raras exceções, estão na Europa, os jogos no Brasil são surpreendentemente bons. Bem disputados, emocionantes, os times taticamente organizados. Há um pouco de erro na comparação com a Europa. Fora uns oito times, os que sobram não são melhores do que os brasileiros. No Brasil, não há jogadores como Kaká, Xavi, Pirlo, Messi, mas há jogadores atuando aqui melhores do que muitos que estão em grandes clubes europeus. Acham tudo uma maravilha na Europa, e não é. É evidente que os melhores estão lá, mas quando se convoca uma Seleção e são chamados apenas um ou dois que atuam aqui, há mais uns quatro ou cinco no mesmo nível dos convocados da Europa. Por exemplo, temos vários goleiros aqui melhores do que o Doni.

O calendário do futebol brasileiro melhorou nos últimos anos. O que falta ser organizado nesse sentido para fortalecer os clubes?
Na verdade, melhorou porque estava um caos, um absurdo. A própria CBF chegou à conclusão de que teria que fazer alguma coisa, pois, mesmo com seus amigos políticos, Ricardo Teixeira não iria se manter no poder. Falta melhorar a estrutura dos estádios sem conforto, com gramados ruins, há a venda de ingressos desorganizada… A Copa do Brasil ser jogada pelos times que atuam na Libertadores e não se fazer Estaduais absurdos, com 20 times.

Mas acabar com os Estaduais não decretaria o fim dos pequenos clubes do Interior do país?
Os Estaduais não devem acabar, apenas serem mais curtos. Os clubes do Interior podem jogar em até cinco divisões do Campeonato Brasileiro. Os que tiverem competência e forem organizados vão subindo. E a Copa do Brasil pode passar para 128 times, aumentado apenas duas datas, incluindo mais uma fase entre os pequenos. Pode-se chegar a mil clubes! Não precisa aumentar o número de jogos dos grandes, apenas incluir fases preliminares entre os pequenos. Não há segredo nenhum.

Qual sua posição em relação à Copa de 2014?
Eu quero ver uma Copa do Mundo no Brasil desde que o dinheiro público seja gasto para trazer benefícios posteriores para a população. Que as melhorias sejam preservadas e não se invista dinheiro público reservado para assuntos mais urgentes. Assim, seria ótimo ter uma Copa. O penoso é que acontecem muitas coisas políticas, desperdício de dinheiro, como houve no Pan 2007. Disseram que o Pan era para o bem público, gastaram uma fortuna, mas não melhorou em nada a estrutura do Rio.

Com a África do Sul correndo contra o tempo e a incógnita brasileira, será difícil chegar ao nível da Alemanha 2006? ***
Não temos obrigação de fazer uma Copa moderna. É como uma pessoa sem recursos financeiros dar uma grande festa para impressionar. O Brasil tem que fazer uma coisa organizada, mas que não haja nada tão exuberante. E é um mito esse rigor da Fifa, de que tudo é perfeito. Na Alemanha, cansei de ver coisas que, se fossem no Brasil, todos iriam criticar. Estádios com problemas, centros de imprensa mal aparelhados. Em dois jogos da Seleção em Dortmund, havia jornalistas sentados no chão.

Quando você decidiu ser profissional, foi por perceber que seria diferenciado. Hoje, muito garoto acha que é diferenciado e não é…
É natural verem no futebol a chance de crescer na vida. Mesmo não tendo muito talento, o garoto acha que pode ganhar dinheiro e destaque. Se ilude com elogios antes da hora. Quando o Denílson estava prestes a ir para a Europa, eu o entrevistei. Ele disse que em pouco tempo seria o melhor jogador do mundo. Aí perguntei: ‘Mas você não acha que precisa aprender a cruzar melhor?’. Ele disse sim. ‘Chutar melhor?’. Sim. Outras perguntas, ele concordando. ‘Realmente, tenho que melhorar muito!’. Ele tinha uma habilidade extraordinária, mas não tinha vários fundamentos técnicos para ser um fora de série.

O Robinho vive falando que quer ser o melhor do mundo…
Se o Robinho tivesse consciência crítica de suas limitações, teria avançado mais. Ele é inteligente, muito melhor jogador do que o Denílson, nem se compara. Ainda tem uma grande chance de disputar o prêmio de melhor do mundo. Já o Kaká tem senso crítico, é um jogador que batalhou pelo que precisava melhorar, foi crescendo. Ele é uma exceção.

O que você espera do Ronaldo no Corinthians? ***
A expectativa é que ele jogue o que jogou no Milan, isto é, atuar de vez em quando e ter alguns momentos do grande Ronaldo que foi. Mas não dá para esperar dele regularidade, fazer muitos jogos no auge.

E, agora, mais perto da área.
Sim, em espaços mais curtos. O Romário se adaptou a isso, até não sair mais da área, tanto que jogou até os 40. Os mais jovens acham que o Romário foi sempre um centroavante. Ele era um espetáculo do meio para a frente. Tabelava, driblava.

Certa vez você disse que, na Copa de 1970, cederia sua camisa ao Romário…
Naquela posição de centroavante ele foi melhor do que eu. Não é falsa modéstia, é consciência. Ele foi o maior do mundo naquela posição. Ele e o Ronaldo.

A afirmação serve para o Fenômeno também?
Sim. Serve também para o Reinaldo, o Coutinho, o Careca… Todos centroavantes melhores do que eu, porque eu era mais meia do que atacante. Fazia muitos gols também. Mas meu forte era o passe. Jogava como joga hoje o Alex, como o jogou o Zico.

E o Zico foi melhor do que o Zidane, como foi recentemente eleito em uma enquete na TV? ***
Não acho, não. Zidane jogou mais. Eu até achava que o Ronaldinho Gaúcho iria se tornar melhor do que ele, pelo que jogou em dois anos no Barcelona. Mas o Zidane jogou muito durante dez, 15 anos. Eu vi Cruyff jogar, Platini, Zico, todos extraordinários. Mas, depois de Pelé e Maradona – e Garrincha, que é um caso à parte – o Zidane foi o melhor. Alguém pode dizer que o Zico foi mais objetivo, fez mais gols. Mas é cada um na sua função. O Zidane, como meio-campista, foi eficiente, fabuloso.

Na sua autobiografia, você afirma que a vida é curta e há necessidade de viver outras vidas (além de jogador, estudou e exerceu a medicina e hoje é cronista). Tostão tem mais algum sonho?
Dentro da minha vida, sempre desejo fazer coisas diferentes. Mas mudar de profissão, não tenho nenhum plano. De vez em quando recebo convites para voltar à TV, mas, por enquanto, estou tranquilo. Não sou de ficar correndo, fazendo muita coisa ao mesmo tempo. Prefiro fazer menos coisas e me dedicar mais a elas.

MAIS:

– O OLHO ESQUERDO
Como médico e observando os avanços da medicina, em relação ao problema que o tirou do futebol (descolamento da retina): se fosse hoje, você teria sobrevida no esporte?
Teria mais chances. As técnicas cirúrgicas são bem diferentes de 40 anos atrás.

Além do risco de sofrer nova lesão no olho, o que o impedia de jogar?
Eu perdi parte da visão do olho esquerdo. Para minha vida normal, não me atrapalha. Mas, como atleta, precisava dos dois olhos trabalhando juntos. O atleta precisa estar atento a certos detalhes. Se eu tivesse continuado, mesmo se eu quisesse, não seria o mesmo jogador, teria dificuldades, como tempo de bola. Eu não sentiria segurança.

– CRUZEIRO
Você saiu de forma conturbada do Cruzeiro, quando abriu mão dos 15% a que tinha direito. Qual sua relação, hoje, como clube e com a torcida?
Com o clube, nenhuma. E faço questão de não ter, pela minha função de cronista. Preciso ter toda a liberdade. Tenho que manter total independência. Alguns compreendem, outros não. Convidavam-me muito para eventos do Cruzeiro. Nem me chamam mais, porque sabem que não vou. Com a torcida a relação é muito boa. Me surpreendo até hoje. Onde vou, o torcedor cruzeirense me trata com carinho.

– CENTROAVANTE ARMADOR
Você impressionou em 1970 como “centroavante armador”. Como chegou a essa função?
Eu me inspirei no Evaldo, meu companheiro no Cruzeiro. Eu jogava mais atrás e o Evaldo era fora de série atuando como pivô. Quando joguei nas Eliminatórias, com o João Saldanha, eu jogava como no Cruzeiro. Já o Zagallo queria um centroavante mais próximo da área. Quando ele assumiu a Seleção, disse que eu seria reserva do Pelé, pois não imaginava que eu poderia jogar de centroavante. Não me esqueço o dia em que ele resolveu me colocar. Experimentou outros centroavantes que não foram bem – o Roberto e o Dario – e resolveu me testar. ‘Dá pra você jogar nessa posição? Não quero que fique recuando muito’. Eu disse: ‘Perfeitamente. Vou jogar como o Evaldo joga’. Individualmente, não era a posição que eu poderia render mais, mas para a Seleção foi importante.

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Como foi a festa do Centenário?

Por motivos profissionais, não pude estar presente na festa do Centenário Solidário, organizada pelo Noroeste ontem (1/9). Já li e vi a repercussão, gostei das homenagens aos ex-atletas, soube da pequena quantidade de público… Mas a melhor das impressões é de quem esteve lá. Conte pra gente e divida com os demais leitores! Fique à vontade!