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No sufoco, Noroeste derrota o Marília

MAC tem mais chances de gol, mas Norusca cumpre obrigação e vence o clássico

Direto do Alfredão
(não, eu não fiquei em casa vendo pela Rede Vida…)

A festa pelo aniversário de Bauru começou mais cedo. Durante a agradável tarde de sábado, a Esquadrilha da Fumaça rasgou o ar da cidade. Eu, desavisado, fui abastecer o carro àquela altura do Aeroclube e perdi muitos minutos em um verdadeiro engarrafamento, sem exagero. Para chegar ao Alfredão, entretanto, tarefa folgada. Não é o clássico dos sonhos e, para “ajudar”, transmissão ao vivo na TV (Rede Vida) para deixar o torcedor no conforto do sofá.

O pequeno público que foi ao estádio parecia conformado com o zero a zero, quando o Noroeste criou boa jogada para fazer o gol da vitória, que dá os três primeiros pontos do time na Copa Paulista e o coloca na terceira colocacação do Grupo 1. O próximo comprisso é contra outro time B, agora o do Grêmio Prudente, também no Alfredo de Castilho, dia 4, quarta-feira, às 19h30.

O jogo
Como deveria ser, o Noroeste começa pressionando. Logo aos três minutos, o primeiro de muitos vacilos da zaga do Marília na partida, que permite que a bola, de mansinho, aproxime-se até ser tirada sobre a linha do gol. Aos 11, Giovanni cobra falta da intermediária, daqueles cruzamentos que ninguém alcança e complicam o goleiro – Juninho se estica todo.

A molecada do MAC nem parece ter jogado há cerca de 48 horas e imprime velocidade ao jogo. Aparece aos 19, em chute de Gabriel de fora da área. Yuri pega firme. Chute de longe, aliás, é tarefa para o volante alvirrubro Juninho. Com a criação deficiente, ele arrisca sempre que a zaga adversária permite: aos 25, obriga o goleiro alviceleste a encaixar após quique na péssima grama do Alfredão. Um minuto depois, o arquirrival perde gol feito. Jogada ensaiada, bola na área ajeitada para Dhonathan, na pequena área, chutar por cima.

Aos 28 minutos, Rafael Mineiro faz ótima arrancada pela direita, costurando a zaga maqueana, que por fim consegue desviar para escanteio – o lateral-direito noroestino, minutos antes, havia caído desacordado após dividida pelo alto.

Segue a correria do jogo, de muita movimentação e pouca técnica. Aos 37, Bonfim dá uma furada que assusta a torcida alvirrubra. No minuto seguinte, Juninho chuta novamente de fora para a defesa de seu xará. Na última trama relevante do primeiro tempo, Dhonathan faz firula pela esquerda e centra na meia-lua. Willian ajeita e Kennio chuta forte. A bola desvia na zaga.

O segundo tempo começa com uma alteração no Trem-Bala: Mizael no lugar de Rafael Mineiro, provavelmente não refeito da pancada na cabeça. A primeira chegada alvirrubra é aos quatro: Marcus Vinícius faz sua primeira – e única – boa jogada, dribla na direita e cruza. A bola desvia na zaga e, no rebote, Lello limpa o adversário e bate de canhota, sem perigo.

O menino Mizael começa a justificar, aos oito, os apelos da crônica por uma chance a ele. Dribla três maqueanos e rola para a entrada da área, de onde Juninho – sempre ele! – chuta para a defesa do goleiro. O Noroeste tem mais posse de bola e chega mais, porém, é o MAC novamente quem chega com perigo. Dhonathan é lançado em velocidade e tenta tocar por baixo de Yuri, que faz ótima defesa.

Giovanni, sumido, arranca pela esquerda aos 16, mas cruza mal. Esperava melhor atuação dele, que não se impôs na armação das jogadas.

Novamente o Marília assusta, aos 22, quando Léo, que acaba de entrar, chuta de longe e Yuri, de mão trocada, defende em linda ponte. A essa altura, as cheerleaders, impedidas de se apresentarem antes e durante a partida – por falta de envio de ofício do Noroeste à Federação – começam a se aquecer para dançarem após o fim da partida.

Quando Almir Dias entra no lugar de Giovanni, aos 26, a torcida vaia – mais pelo carisma do jovem jogador do que pelo seu mal futebol na noite. E o futebol é maravilhoso exatamente por ser contraditório, pois o substituto entra muito bem no jogo. Primeiro, cobra falta perigosa, defendida por Juninho. Outra falta no minuto seguinte, novamente Almir Dias, que dessa vez cruza para perigoso cabeceio de Bonfim. O meia volta a calibrar o pé aos 28, cobrando escanteio fechado, tentando olímpico sem sucesso.

Na escassez de criação, o Norusca começa a chegar na base do atropelo. Divididas, bate-rebate, bola se oferecendo na área até sobrar para Rafael Aidar, que chuta de canhota para fora aos 30 minutos. Aos 33, após bola rebatida, Bonfim arrisca bela bicicleta, mas sem força para surpreender o goleiro Juninho.

Finalmente! Aos 36 minutos, Almir Dias limpa na entrada da área e surpreende a zaga rival – no lugar de chutar, passa para Adilson na marca do pênalti. O camisa 11 domina e fuzila. É o primeiro gol noroestino na Copa Paulista.

Para quem achava que o jogo estava definido, mais um sufoco. Aos 44, o cruzamento vem da direita e Dhonathan cabeceia na trave. A bola ia entrando, mas Yuri faz o terceiro milagre da noite. Nos acréscimos, o último ataque maqueano: Willian chuta raspando a trave.

A partida termina, o Noroeste tira o atraso e as cheerleaders se apresentam para a respeitosa torcida, que adiou sua saída para aplaudi-las. Mas o pessoal do som não estava em sintonia, aumentado o mico da noite. Por fim, encontraram a música e elas – e havia eles também – conseguiram ganhar seus merecidos aplausos.

O CRAQUE: Yuri foi brilhante, mas é necessário fazer menção a Juninho, que desde que entrou no meio-campo noroestino se tornou o motor do time. E não tem medo de arriscar chutes a gol.
O PEREBA: Marcus Vinícius chegou com pedigree de Seleção Brasileira de base, mas ainda não mostrou esse potencial.
RESUMO DO JOGO: ao sair do campo, em entrevista ao repórter Diogo Carvalho, do Jornada Esportiva – quem quiser ouvi-los no Alfredão basta procurar o retorno na FM do seu radinho – o lateral-esquerdo Rick usou sabiamente o clichê: “Quem não faz, toma”.

Noroeste Marília Copa Paulista 2010

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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